... e fora também.
Apertei o passo e como ando super rápido, mal me molhei, mas eis que lembrei que, ao chover dentro de mim era preciso 'limpar' a alma. Deixar escorrer a mágoa que os olhos não estavam conseguindo dar vazão. E a chuva é ótima para lavar e levar consigo as dores do mundo. Que levasse então as dores do meu mundo. Um mundo colorido que agride aos outros, que anseiam por deixá-lo cinza. Mas como eu também gosto de cinza, eles tentam deixar preto, cor que também admiro. E como isto os atormenta. Tentar impingir dor e me estimular a dançar conforme a música. A inveja é algo terrível. Ela mata realmente quem a detém, não fisicamente como eu supunha na infância, mas mata a alma, o que talvez, seja muito pior. O invejoso, e gosto muito da maneira como o Rabino Nilton Bonder conceitua a inveja, é alguém que sente raiva de si por não ter ou ser o que o outro é ou tem, mas como ele não pode sentir raiva de si mesmo ele trata de projetar esta raiva no outro e a esta projeção dá-se o nome de inveja. E isto arrasa meu mundo. Ter que lidar com a raiva alheia. Porque o invejoso é aquele que trabalha incansavelmente para tirar o que o outro tem. Ele não se ocupa em melhorar a si, preocupa-se em desqualificar e tirar do outro os seus méritos. Ele não quer que o outro tenha. Acho interessante quando alguém diz que tem 'inveja branca'. Isto não existe. É como magia. A cor da magia é senão sua intenção. Não existe magia 'negra' e magia 'branca'. O que existe é a intenção perversa ou bondosa que conduzem as energias de um para outro ser. Sendo a inveja a projeção da raiva, não poderá nunca ser boa ou branca como querem alguns. E eu resolvi caminhar lentamente, permitindo que a chuva levasse tudo o que eu não precisasse mais. A angústia, a dor, a ansiedade, as tormentas que não são minhas, mas foram impostas. E se foram impostas que voltem a quem as impôs. Não as quero. Trabalho junto a uma egrégora de luz e alta vibração. Trabalho para melhorar-me a cada dia e a propiciar aos meus amigos uma presença leve e alegre. Chovia fora de mim e levava consigo muito do que estava dentro, tão somente porque eu me alegro com a chuva, com a maneira com que os pingos suaves molham minha face, penetram em meus cabelos e lavam minha alma. Chovia fora de mim ajudando a sair pelos olhos a dor acumulada. Quando chove fora é mais fácil deixar sair a chuva de dentro. Como se camadas fossem saindo. Fossem se limpando. De fora para dentro...
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