Minha
pequenina...
Desta
vez não pude te amparar nos braços e sussurrar em teu ouvido que tudo ficaria
bem para ouvir tua resposta: ”Confio em ti, se tu me dizes, eu acredito”.
Mas fiz
todo o possível para que estivesses bem assistida e sem sofrimento. Levaram-se
muitas horas para que, enfim, pudesses ser hospitalizada e lá, apesar de tua
idade, ficaste privada de qualquer conforto em uma cadeira e depois em uma maca
gelada e dura. Quando se está doente, o que mais se quer é uma cama quentinha
para se sentir acolhido. Tudo o que não pude te dar... Os médicos, que não te
conhecem, insistiram em crer que estavas partindo. Pior do que não ter
diagnóstico e supor tua morte, foi tentar tirar de mim a esperança de te beijar
as faces rosadas de novo. Mas eles não te conhecem, não sabem de tua força e
supuseram, erroneamente, que tua idade, para eles avançada, seria motivo
suficiente para te fazer desistir de tua missão na terra. E eu pedi aos nossos
mentores, a minha egrégora de cura, que ficassem contigo e que te amparassem,
sendo nesta ou em qualquer outra dimensão, afinal, a morte é só uma passagem. E
eu te sentia tão viva!
Ao entrar
no quarto em que estavas no hospital, pois os médicos não quiseram te colocar
na UTI esperando tua morte, vi que estavas bem. Falei às pessoas que estavas
bem. Claro que, entre acreditar em mim e nos médicos, preferiram acreditar
neles. Chegaram ao cúmulo de levar um padre para te dar a extrema unção.
Pessoas sem FÉ... Até porque, se um ser é pérfido a vida inteira, não é um
padre e a extrema unção que vai fazer a criatura entrar no ‘céu’... E tu não
precisas disto, bem sabes... Ficamos em vigília, nos unimos em oração. Ao saber
que havias mordido uma enfermeira e chutado outra por conta de algum
procedimento que não querias fazer, pensei, ela está ótima. Pediste para voltar
para casa. Quando disseste a outra que irias sair pelo lado da cama, passar
aqui e acolá, pam pam pam pam, e apontaste para a porta dizendo que sairias por
ali, tive a certeza de que a tinha recuperado, afinal, é preciso estar bem VIVA
para traçar um plano de fuga!
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