segunda-feira, 28 de abril de 2014

Mãezinha - IMAJANIRE




Chegando lá, um tanto contrariada, bem verdade, mas pensando na saúde que estaria por conquistar. Encontro uma mulher forte e determinada, cabelos vermelhos, crespinhos, voz de trovão e um olhar, ah, mas que olhar, deixava qualquer um envergonhado por seus erros. Tremi de medo. Senhor, pensei com os botões que não tinha, se ela olhar assim para mim, vou buscar um buraco para me enfiar. Mas ela virou tão rápido que não tive tempo sequer de perscrutar o chão. E, para meu espanto, me chamou com a voz mais doce e o olhar mais delicado do mundo, me derreti. Amparou-me, acolheu-me, amou-me como a uma filha. Preocupou-se, alimentou-me, colocou-me para dormir, embalou minhas angústias e ansiedades até quase aliviar meu coração. Ouvia-me, por vezes, por horas a fio. Sempre com ternura. Sempre com amor. Sempre com sabedoria. 
Saudade MÃE!!! 
Dos momentos que ainda teríamos. Dos olhares cúmplices na cozinha medindo os alimentos e cozinhando para o livro que pensávamos em lançar. Tantos planos e projetos embalados por uma saudade de algo que não mais virá. Saudade até do medo que tive... Pois até ele se perderá no tempo. As lágrimas insistem em correr, os olhos insistem em fechar, a dor insiste em doer. Quero a minha mãe, quero a mãe que, mesmo longe, conseguia acalentar meu coração e afastar meus medos, quero a minha mãe!!! E a voz se perde no infinito, a voz se perde na garganta que se fecha, antes de permiti-la sair, a voz que se perde em pensamentos... E volto a lembrar que tu estás bem minha querida, tens que estar, por tudo de mais maravilhoso que plantaste, por tantos que ajudaste e pelo teu ser iluminado. Em algum momento a dor da perda vai amenizar, a saudade será menos dolorida e mais colorida, em algum momento conseguiremos rir de novo, dos olhares, do tom enérgico e da voz grave. Lembrar de tua história que nos fez rir e recontá-la, com a graça de uma vida plena de ensinamentos.
Enquanto isto, posso lembrar do poeminha de Mario Quintana, como uma singela homenagem para ti e que acalenta, de alguma maneira, meu coração:


Mãe... São três letras apenas
As desse nome bendito:
Também o Céu tem três letras...
E nelas cabe o infinito.

Para louvar nossa mãe,
Todo o bem que se disse
Nunca há de ser tão grande
Como o bem que ela nos quer...

Palavra tão pequenina,
Bem sabem os lábios meus
Que és do tamanho do Céu
E apenas menor que Deus!






 Fica bem minha querida!!!
Com amor, Ana...






sexta-feira, 25 de abril de 2014

Amiguinho...

E assim me despeço, tal qual gota de orvalho que evapora suavemente ao olhar tímido dos primeiros raios de sol...
Levo comigo a lembrança de teu sorriso maroto ao ajudar a encobrir as travessuras do amigo mais velho... 
Junto ao perfume das rosas que, ao longe, faziam-se ruborizadas pela pequena brincadeira infantil. Levo no coração a saudade... 
E a cumplicidade de um amor que me diz que teus olhos, sempre vivos e brilhantes, eram refúgio de uma alma doce e serena. Vai com Deus meu menino, meu amiguinho emprestado. Voa agora, livre da realidade manifesta, e vai de encontro ao eterno! Agradeço os poucos olhares alegres e furtivos... 
Sempre esperando a próxima brincadeira... 
Sempre a espreita de uma nova charada... 
E que agora nos perguntamos. Com quem ele pretendia brincar de esconder? 
Desta vez eu não gostei da brincadeira...





quinta-feira, 24 de abril de 2014

Anoitece

Anoitece sem luar
Está escuro lá fora
Nem mesmo as luzes que dizias ser dos postes do outro lado do rio aparecem
Está realmente escuro lá fora
Aqui, contudo, está iluminado
Nem tanto pela luz do quarto que está acesa
Mas pelo brilho que emana do meu coração quando estou contigo!